
Zorita é um ponto de encontro ideal para os pescadores. A pesca do achigã, do lúcio e da carpa ou carpfishing é tão popular que nas margens da sua albufeira se realizam competições sucessivas em várias modalidades. Estas competições reúnem pescadores de associações e federações regionais, nacionais e até internacionais, e estas águas produziram enormes exemplares que, uma vez qualificados, voltam a nadar livremente. Por isso, a barragem de Sierra Brava, a onze quilómetros da aldeia, é talvez o local mais conhecido de Zorita.

No outono, inverno e primavera, esta albufeira, que recolhe as águas da ribeira de Pizarroso numa área de albufeira de 1576 hectares e é uma das maiores zonas húmidas de Espanha, é um local de paragem para milhares de grous, vários anatídeos, mergulhões-de-pescoço-preto, mergulhões, garças e gaivinas-de-bico-preto.

Além disso, durante todo o ano, os milhafres pretos e vermelhos sobrevoam os seus céus, bem como outras aves de rapina, porque nestes campos confluem duas zonas especiais de proteção de aves, a ZPE de Llanos de Zorita e a ZPE da albufeira de Sierra Brava. A prova de que as aves reinam no local é o facto de podermos ver garças a apanhar sol nos painéis prateados que cobrem parte desta albufeira, a central solar flutuante da albufeira de Sierra Brava, que produz energia desde 2020.

Um passado longínquo a descobrir entre as ruelas de Zorita
Zorita é um lugar de passagem entre Trujillo e Madrigalejo, e entre Logrosán e Alcollarín. É uma aldeia com pouco mais de 1200 habitantes, que se destaca no centro do mapa como uma encruzilhada por onde passaram romanos, almóadas, judeus e cristãos, cada um deixando o seu legado.

Relógio de sol na Calle Real em Zorita
Cerca de 25 quilómetros separam Trujillo de Zorita, razão pela qual, na Idade Média e na Idade Moderna, os nobres da próspera cidade encontravam nos campos de Zorita um lugar ideal para descansar e praticar falcoaria. As suas ruas estreitas e intrincadas são ainda hoje ocupadas por grandes casas senhoriais, onde também existiu um bairro judeu, cuja sinagoga ainda é visível entre os muros em ruínas de um terreno.

Relógio de sol na Calle Real em Zorita
Percorrendo Zorita, descobrimos casarões brasonados, com arcos de volta perfeita, que surgem no meio de reformas e adaptações posteriores. Respira-se o ar de uma pequena aldeia, com gente simpática que sai para contar histórias dos seus avós ou que se junta ao passeio para mostrarem os recantos mais encantadores.


A Igreja da Conversão de São Paulo e a sua torre defensiva
A igreja da Conversão de São Paulo, situada na aldeia, é do século XVI e no seu interior tem duas naves cobertas com abóbadas de berço e uma abside com abóbadas nervuradas e, no centro, o brasão de armas do bispo Gutierre Vargas de Carvajal, que deu nome a uma recente rota turística da Estremadura. Destaca-se a torre sineira, que deve ter sido uma torre defensiva ou de observação, construída antes da igreja. No cimo da torre existe um mata-cães, uma pequena abertura que servia para atirar objetos aos inimigos que tentavam subir.

A ermida de Fuentesanta, lugar de fé e também de diversão e passeios diários
A ermida de Nossa Senhora de Fuentesanta, a quatro quilómetros de Zorita, foi construída em 1574 junto a um antigo santuário que protege a fonte que dá nome ao local. Todas as tardes é possível ver os habitantes locais a caminharem até lá, pois é o seu passeio diário preferido, e há árvores e plantas à volta da ermida que enchem o local de verde. Durante todo o ano, realizam-se aqui romarias e festas, como a de São Brás, o Dia da Mãe e a segunda-feira de Páscoa.

Entre as festividades de Zorita destaca-se a Feira Medieval, que começou a realizar-se em 2024 e que teve tanto êxito que já se realizou duas vezes e promete consolidar-se e realizar-se todas as primaveras.

Caminhadas com vistas
Existem vários percursos pedestres nos arredores de Zorita, mas merece especial destaque a Ruta de La Peña, um caminho que conduz a uma enorme formação rochosa que se assemelha a um gigante que emerge do centro da montanha, escoltado por amendoeiras silvestres. O percurso contorna La Peña até chegar ao cimo e, a partir daí, é possível contemplar a vila, as barragens, os lagos, o enorme montado, os campos e as planícies que a rodeiam.

Há cafés, churrarias e bares ao longo das principais ruas da aldeia. Um deles tem uma enorme videira velha que lhe dá o nome, e às suas portas podemos ver os habitantes sentados a observar os carros e os transeuntes de ambos os lados da estrada. Muitos estão de passagem, mas outros param como fizeram ao longo dos séculos e assim as histórias continuam a entrelaçarem-se nesta encruzilhada da província de Cáceres, que é Zorita.


Zorita, cruce de caminos de pescadores y ornitólogos a un paso de Trujillo
Publicado em junho 2025
Tradução Ângelo Merayo